Sobre a história do meu trabalho na Grécia

Antes de ir para a Grécia- Thessaloniki em 2012, eu já havia trabalhado em alguns orfanatos no Brasil, mas eu queria ter uma experiência para lidar com crianças de orfanatos de outras culturas. Lembro que na entrevista para o emprego a pessoa perguntou: “como você pretende trabalhar com as crianças, se você não fala grego?” Eu respondi: “vou aprender o básico para me comunicar, mas vou relacionar-me com eles por meio da arte, porque a arte é uma linguagem universal.” Eu consegui o emprego.

Ao chegar na Grécia, lembro de episódios engraçados em que mesmo que eu estivesse dizendo na língua deles: “não compreendo = den katalaveno”, quando falavam comigo em grego, algumas crianças ficavam bravas e repetiam as mesmas frases mas em volume mais alto, ou então pediam: “fale normal!” Eles não conseguiam entender que podia haver uma pessoa de outra cultura. Eles eram tão excluídos da sociedade, que não concebiam que havia uma realidade diferente da deles.

Aprendi a cantar, tocar e dançar músicas gregas e estas eram as nossas atividades favoritas. Ao usar dinâmicas dançantes, eu podia fazer atividades para interagir com o grupo, desenvolver suas criatividades e autoestima.

A maior surpresa de todas foi quando eu estava utilizando desenhos como arteterapia. Alguns deles possuíam um desenvolvimento intelectual limitado. A organização fazia muitos programas com eles, mas, mesmo assim, nada se compara ao desenvolvimento típico que uma pessoa pode ter quando está 100% integrada com a sociedade, e não afastada em um orfanato, asilo etc. Suas limitações refletiam nas habilidades de formar signos e símbolos no papel, o que é essencial também para a linguagem (falada e escrita). Contudo, a arteterapia os ajudou de diversas formas, auxiliando-os a se expressarem melhor nos desenhos e na comunicação. Esta é a beleza da conexão entre a arte e a psicologia.

ευχαριστω ελλαδα, efcharisto ellada. Obrigada Grécia.